terça-feira, 7 de outubro de 2008

É preciso ser um professor motivador? ou motivado para se professor?

Educar para a vida, para a sociedade, para o mundo, preparar para o exame, o teste, o concurso pela sobrevivência. Educar tornou-se algo quase impossível, às vezes insuportável. Não existem motivos, prazer é algo cada vez mais distante da realidade. A realidade, esta sim, é lamentável. Basta pensar nos cursos de licenciatura, relegados ao esquecimento, esvaziamento, a ociosidade de vagas que são rejeitadas pelo seleto grupo de alunos que rejeitam o ofício de mestre, que vêem no magistério e licenciatura, toda a marginalidade do sistema, que percebem nos olhos dos mestres todo o labor de uma vida dedicada a engrandecer pessoas, construir cidadania, formar intelectuais, políticos, economistas, juristas e todos, que sem este labor, dificilmente atingiriam seu clímax profissional e pessoal. Este ofício, sem dúvida o mais difícil dos ofícios, antes de qualquer argumento, precisa de motivação, para depois se tornar motivador. Advém da nossa realidade o questionamento que a sociedade deve fazer com relação ao papel do educador. Deverá ele ser um motivador, ou precisará ser motivado? O que é motivação no âmbito da docência? Como conduzir o educador a um clímax que o conduza a uma situação contagiante com relação ao educando? Será que as discussões estão sendo dirigidas à raiz do problema, ou são ventanias que sopram as folhas secas que caem ao chão? Educar tornou-se uma arte, um sacrifício que só por amor seremos capazes de suportar. Toda discussão volta-se para o educando, o foco das atenções é o resultado que se produz sobre os outros, não se discute metas com os objetivos voltados para a motivação do educador. Afinal, o que serve de motivação para o educador? A nossa realidade, totalmente adversa a todas as práticas pedagógicas discutidas, tem mostrado uma saturação do papel do mestre, educador, no processo ensino aprendizagem. Um sistema débil se formou em torno de discursos pedagógicos e teorias quase que insanas, a teorização da prática educativa debilitou a relação de aprendizagem, trazendo a tona exigências profissionais que fazem do educador uma marionete nas mãos dos teóricos e pedagogos que desconhecem a verdadeira realidade educacional. Os discursos, quase sempre importados, revelam uma realidade anos luz à frente das nossas reais possibilidades estruturais e funcionais. O mundo contemporâneo destes debates não é o mesmo em diversas regiões do planeta, as realidades da globalização das idéias não atingem em proporções e qualidades equivalentes nos diversos cantos do planeta, destarte a implementação das idéias vigentes torna-se uma utopia educacional, não por falta de mérito do corpo docente, e sim pela incapacidade estrutural e funcional que impede uma relação de funcionalidade entre o sistema educacional, o mestre e o educando. Os demagogos que se ponham a criticar, usem, já que podem utilizar o discurso de estarmos sendo retrógrados, de estarmos tentando atropelar as práticas pedagógicas contemporâneas dos nossos filhos e netos. Mostrem-nos, dentro da realidade de cada lugar as possibilidades reais das práticas professadas. Exijam do mestre o que de fato poderiam cumprir se estivessem em seu papel. Façam do seu debate uma defesa do justo, eqüitativo, capaz de transformar a realidade com modelos palpáveis, visíveis, reais. Não percam tempo com teorização de utopias que em nada contribuem para o aperfeiçoamento do educador, para a melhoria do sistema educacional, para o engrandecimento dos reais potenciais do educando. Sejamos justos apenas em sermos verdadeiros, capazes de assumirmos as reais possibilidades, rejeitando os modelos pré-estabelecidos em função daquilo que se ajuste à realidade de cada sistema funcional. O educador não deve ser posto em operação como rato de laboratório, sujeito aos testes pedagógicos insuficientes, até irreais dentro da perspectiva de sua concretização e implantação no plano educacional. Não devemos servir como cobaias que são levadas a motivar, motivar e motivar experiências às custas da simples sobrevivência. Ao mestre, educador, cabe o papel exigido pelo sistema, de estar sempre se aperfeiçoando em prol do bom desempenho das suas funções. Esta é a nova dinâmica social: a exigência mercadológica que faz da função de educador um perpétuo desafio, uma luta incessante que antes de se tornar motivadora de resultados deve ser motivada a produzir resultados em si mesmo, para depois ser capaz de produzir resultados positivos em outros. Transformar a realidade do educador é o primeiro grande passo para poder transformar a realidade dos que o rodeiam, dos que dele dependem, sentir, e receber motivação para tanto é causa, cujo efeito maior será a transferência desta transformação para o plano real, onde o mestre motivado, torna-se um infinito motivador.

2 comentários:

Anônimo disse...

A princípio achei que a questão do título era muito difícil de ser respondida (tipo aquela antiga pergunta: "tostines é gostoso porque vende mais ou vende mais porque é mais gostoso?" rs...), porém logo no começo do seu texto eu vi que apenas quem tem o gosto pela profissão consegue perceber o que as pessoas normais não percebem, normalmente a visão das pessoas é apenas de que o professor irá ensinar aos alunos e nada mais, mas não, ser professor é formar um cidadão, é mais que um simples aprendizado, após isso respondo a pergunta título. É preciso ser motivado para ser professor, é preciso ser motivado para fazer com perfeição qualquer coisa em nossas vidas. Além disso, um professor motivado acaba sendo um professor motivador, tenho um claro exemplo do que estou dizendo em minha faculdade.

Parabéns pelo BLOG!

Unknown disse...

Em primeiro lugar, desejo parabenizá-la por tão grande amor ao magistério e, sobretudo por este belo trabalho. Quero dizer que, considerei essencial e fundamendal esta sua reflexão fiosófico-educacional... Também luto e sonho para que a utopia de uma nova extrutura educacional surja no país, onde os nossos mestres docentes possam, realmente ser motivados e, sejam plenamente reconhecidos, para que possam motivar a todos! Abraços. André Luiz.