quarta-feira, 12 de novembro de 2008

IMPLICAÇÕES DA MOTIVAÇÃO NO PROCESSO ESCOLAR

No ambiente escolar, os estudantes podem buscar ou adotar uma variedade de metas, algumas compatíveis com a aprendizagem e desempenho e outras contrárias. Por exemplo, as metas sociais, fazer amigos, ser bem aceito ou popular; as metas de aprendizagem, obter conhecimentos, buscar níveis mais profundos de aprendizagem; as metas ego ou de performance, ser reconhecido como o melhor, o mais capaz ou, pelo menos, ocultar uma possível falta de capacidade. Além dessas, fatos distantes da sala de aula podem ser selecionados como meta dos alunos (um grupo musical, um time de futebol, jogos de computadores) e, muitas vezes, temos que competir com elas. Neste último caso, rotulada como meta de alienação acadêmica, o foco de interesse pode estar completamente desvinculado dos assuntos ou atividades planejados pelo professor.
Mais importante do que reconhecermos nos nossos alunos tais padrões motivacionais, os estudos sobre as metas podem auxiliar na compreensão dos fatores que incentivam a adoção de uma determinada orientação. Um importante aspecto a ser considerado relaciona-se com a estrutura de meta ou clima de sala de aula criado, sobretudo, em decorrência das diferentes ações do professor. As estruturas de meta referem-se aos objetivos assinalados e aos padrões comportamentais valorizados em sala de aula, transmitidas aos alunos de modo implícito ou explícito por meio das diversas ações do professor como, por exemplo, as características das atividades solicitadas, as formas de avaliação, de reconhecimento dos interesses e necessidades dos estudantes, os critérios para formação de grupos, o uso do tempo e o modo como o professor compartilha a autoridade. Tais estruturas influenciam as metas adotadas pelos alunos em relação à escola, aos trabalhos escolares e, de modo geral, em relação a sua educação.
Nesse sentido entende-se que o sucesso no desenvolvimento da aprendizagem dos alunos está totalmente relacionado à motivação para aprender. O aluno motivado busca novos conhecimentos e oportunidades, mostrando-se envolvido com o processo de aprendizagem, participando continuamente das tarefas com entusiasmo e disposição para novos desafios.
Mas será que essa é a realidade das nossas salas de aula? Os alunos estão realmente motivados a participarem das atividades escolares de forma constante, com entusiasmo e dispostos a desafios?
É importante ressaltar que existem duas orientações motivacionais: a intrínseca e a extrínseca. A motivação intrínseca é uma disposição natural e espontânea, que impulsiona o aluno a buscar novidades e desafios, refere-se à escolha e realização de determinada atividade por sua própria causa, por esta ser interessante, atraente ou, de alguma forma, geradora de satisfação. Já a motivação extrínseca pode ser definida como a motivação para trabalhar em resposta a algo externo à tarefa ou atividade, como para obtenção de recompensas materiais ou sociais, de reconhecimento, objetivando atender aos comandos ou pressões de outras pessoas ou para demonstrar competências ou habilidades.
Para promover a motivação intrínseca no processo de aprendizagem escolar, as interações em sala de aula precisam ser fontes de satisfação das três necessidades psicológicas propostas pela Teoria da Autodeterminação apontadas acima. O professor configura-se como principal agente que irá possibilitar um clima de sala de aula favorável ou não ao desenvolvimento das orientações motivacionais.
Cabe salientar que a motivação do aluno implica na motivação do professor. Referindo-se à participação do professor na motivação dos alunos, ressaltando que a perspectiva educacional sobre motivação tem como foco os professores como pessoas que buscam influenciar a motivação de seus alunos no contexto de sala de aula. A tarefa dos professores é desenvolver a motivação dos alunos para a aprendizagem e induzi-los a se engajarem nas atividades acadêmicas com uma orientação para aprender.
Todos nós temos a necessidade de viver em coletividade, dependemos das relações sociais para sobrevivermos, o que é natural do ser humano. São as relações sociais que inserem as pessoas na sociedade e essas relações acontecem na família, no trabalho e na escola. Na literatura científica, evidenciam-se cada vez mais os estudos e as pesquisas voltadas para as relações das pessoas.
A sala de aula deveria funcionar como uma rede social, voltada para um objetivo comum, que é a aprendizagem, possibilitada pela interação entre professor e aluno, aluno e aluno, conhecimento teórico e tácito, contexto escolar e contexto histórico-social do aluno etc.
Chega-se a conclusão que as ações do professor só estarão voltadas para a satisfação da necessidade de pertencer dos alunos se ele apresentar disposição para a mudança e demonstrar interesse em atender às expectativas dos alunos. Para isso, o professor precisará conhecer as mais diversas abordagens teóricas sobre a motivação e inseri-las na sua ação prática, realizando continuamente reflexões sobre a sua ação pedagógica, buscando compreender e interpretar as diferentes situações do contexto escolar e do aluno nele inserido. Essa ação reflexiva contribuirá de forma efetiva para a motivação e conseqüente aprendizagem dos alunos.

Nenhum comentário: